quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Mais um conto inacabado...





Enquanto voltava pela rua de baixo, ainda perto do pernoite, sentia o cheiro agridoce de sexo na sua boca. Gostava de mulheres desesperadas, quase saiu de graça, se não fosse a quantia de pó que teve que comprar antes. Boa isca. Compensava cada tapa que dava depois. De onde vinha, avistava as torres da Igreja Matriz, iluminando as cercanias e jogando uma áurea do divino pela cidade. Pediu perdão e riu usando o canto da boca. Assassino é aquele que não acredita na redenção de sua alma. Parou ainda um instante antes de cruzar a Avenida Ruperti Filho para acender outro cigarro. Atendia por Moisés, o nome não importa agora e se importasse mesmo assim não poderia dar garantia que este foi o nome verdadeiro dele, mas foi impossível não associar ao Antigo Testamento.

Foi com um esbarrão que tomou conhecimento dela. Até 3 segundos depois, achou que tinha esbarrado num fantasma ou em uma corrente de ar. Não. Parecia com um soco no concreto.

Como uma mulher tinha conseguido passar despercebida por ele? Ainda mais uma delícia como esta. Era ele que chegava de surpresa. O fator risco que lhe dava tesão.

- Oi, doçura. Toma mais cuidado onde anda. Quase caiu nos meus braços.

Não recebeu resposta. Mas não era medo que via nos olhos dela nem reprovação. Resolveu arriscar, aproximou-se dois passos... Em seguida, tudo aconteceu com extrema precisão e vertiginosamente devagar para Moisés. Viu a estranha sacar uma espada, sentiu perfurar o ombro esquerdo descendo pela barriga, até passar pelo lado direito do quadril. Não era dor e mesmo que depois pudesse definir, não teria palavras pra isto, sentiu pânico e isto cegou a percepção dos outros sentidos. Como uma bailarina, ela manejou outra espada, algo parecido com madeira e estalou com pressão em sua clavícula.


Sua última lembrança se apagando como borbulhas em um copo de champagne foi o seu corpo caindo para dois lados opostos. Caso tivesse outra pessoa naquela hora, tal poderia jurar que não durou mais que algumas frações de segundo.





Executar o serviço sujo dos outros, antes de um trabalho, era um prazer que Ritsuko sentia e uma honra ao seu Sensei.

Deixou a rua que ligava a Avenida, faltavam 3 horas para o amanhecer. Tão furtiva e leve quanto uma sombra, misturou-se a escuridão novamente. Limpou a lâmina de sua katana e da sua bokken. Aprendera que a destreza dos movimentos não era somente uma arte desenvolvida pelo seu Kenjutsu, fazia parte do seu karma.



Rita Ellert

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Te convidei para um meme! Se não quiser postar no blog... pode ser nos meus comentarios... mas gostaria muito que participasse! Bjos

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  3. PUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUTA QUE MERDA!

    Tipo, Oldboy mas sendo YoungGirl.

    adorei, beijas.

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  4. me animei para continuar lendo "o ninja" ....muito massa!!

    bjomeliga

    DaniS

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  5. Se fosse uma crônica cinematográfica, poderia ser um do Tarantino. Qual, hein? hehehe

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Como assim?