Estava na fila do pãozinho, gripada e com o corpo dolorido. Pensando em mil coisas mundanas e sem nexo mas que tomam conta da minha vida. Como de qualquer pessoa que tenta seguir alguma normalidade.
Dentre um pensamento " Quem compra um um bolinho inglês onde as moscas estão brincando de pula-pula?" e " PQP esqueci da prestação que venceu ontem!" E outro ainda "Quero a cama por 200 anos"... Vi ela.
Ou ela entrou no meu campo de visão. Me senti horrível por me sentir horrível.
Uma senhora de uns 80 e poucos anos.
Empurrando o carrinho com uma leveza, olhos brilhantes, pele rosinha e fininha, mãos enrugadas e unhas pintadas. O cabelo estava preso num coque frágil também, cabelos que um dia foram loiros. Usava uma roupa confortável, mas tinha senso de estética. E o conteúdo do carrinho?
Frutas, leite desnatado, pão integral 7 grãos, requeijão light...
Fazia força e ajeitava os óculos para pesquisar preços...
Não estava rindo mas seu rosto parecia estar dando gargalhadas.
Que vitalidade, parecia uma menina.
Havia uma força em cada movimento seu, mesmo parecendo feita de algo quase etéreo.
Queria parar a rotina, convidá-la para um chimarrão sem pressa.
Ouvir muitas histórias e visitar décadas que não vive.
Me imaginei com aquela idade e quanto chão teria que percorrer. Quantas adversidades.
Não sei exatamente que lição aprendi neste "encontro", mas a imagem desta velhinha encantadora não sairá tão cedo dos meus pensamentos.
MargueRita
Interessante esses "seres" que, vez por outra, entram no nosso campo de visão (como vc disse)... materializam-se de repente e nos mostram singelezas que poderiamos nunca nos dar conta sozinhos, nesse caso a arte de viver bem sempre... quantas pessoas não ficam amarguradas por causa do passar dos anos (esta semana foi meu aniversário então estou particularmente sensível ao tema!) mas é sempre possível viver-se bem com o que se tem.
ResponderExcluirNão sei se foi a sua lição... mas prá mim serviu! ;)
"...mas há milhões desses seres,
que se disfarçam tão bem,
que ninguém pergunta de onde essa gente vem.
São 'peruqueiros',
guardas-noturnos, casais...
São passageiros,
Bombeiros e babás
Já nem se lembram
que existe um Brejo da Cruz
que eram crianças
e que comiam luz"
1000 bjs
Vivendo e aprendendo.
ResponderExcluirLembrei aogora do meu avô, um cara que era forte e tudo mais.
Abraço forte
Humm... como desconfiava, lá no fundo da bad girl esconde-se uma guria doce. E não adianta dizer que estava "fragilizada" por causa da gripe. ;)
ResponderExcluirQuanto a moscas que brincam de pula-pula num bolinho inglês, é uma expressão impagável.
No próximo encontro, convide a velhinha para um chimarrão.
Um beijo!