quinta-feira, 24 de março de 2011

Fotografia forense

“To photograph people is to violate them.” 
(Sontag 2001:14)










As fotos são do livro “City of Shadows – Sydney Police Photographs 1912-1948″, de Peter Doyle e Caleb Williams. Todas essas fotos foram encontradas somente em 1980, algumas nem tinham sido reveladas ainda, tinham sido esquecidas no porão de uma delegacia que foi alagada na década de 40. No final do livro tem a história de cada uma das pessoas retratadas incluindo o crime cometido, idade, profissão, etc, confome relata Camila Felizardo.

Peter Doyle fornece, com riqueza de detalhes, informações deste ensaio, o qual utiliza um conjunto de arquivos policiais, chamados de "retratos falados" e examina a relação entre os sujeitos das fotografias e do aparelho fotográfico.

Segundo Doyle, as fotografias envolvem a relação entre o assunto fotografado e do fotógrafo da polícia, entre os indivíduos "capturados" nestas fotografias e o espectador das próprias fotos. 






Nota-se o exibicionismo demonstrado por muitos dos indivíduos (detentos) fotografados nesta coleção. Vários estudos anteriores da fotografia, incluindo a fotografia de arquivo, tem privilegiado o voyeurismo,  a vigilância e o controle implícito no processo fotográfico. 

Como resultado, a individualidade do sujeito fotografado tem sido frequentemente omitida. Contudo, nesse ensaio os aspectos da exposição ou da expressão da individualidade são bem explorados perante o fotógrafo policial.

Um detalhe que merece destaque é que os retratos e as fotos da prisão têm um padrão de produção em geral elevado, foco nítido e tonalidade bem equilibrada.
Outra característica: todas as fotos foram tiradas por fotógrafos da polícia e não terceirizados. No entanto, existem diferenças na composição dramática e de tonalidade entre as duas classes de retrato.

Ao mesmo tempo, a temática é quase de cinema mudo.

Um exemplo do preparo da fotografia é caso do ladrão de carros Alfred Fitch. O fotógrafo retratou-o como um homem sério e pode ser facilmente confundido com um retrato encomendado.

Noutros registros, encontramos indivíduos bem vestidos, aparentemente à vontade, bem como mulheres posando como burguesas bem sucedidas.

Em outro enquadramento, é exibido um criminoso com 'cara dura', típico de um filme de gângster. Contrastando com essa temática, há outras revelando a vulnerabilidade humana, bem como o desespero, tomadas no auge da mania de cocaína em Sydney 1920.  


Enfim, um relato impressionante da história forense.
Preciso mencionar que esse livro está na minha lista de desejos?

Mais fotos/detalhes:


2 comentários:

  1. Impressionante!

    Esqueceu de observar que os criminosos eram muito mais chiquitíssimos que os da atualidade.

    Bjo, Anne.

    ResponderExcluir
  2. Há! Anne, imagina os "queridos" do futuro! -.- Bjks.

    ResponderExcluir

Como assim?