Hoje não tem como fugir do assunto “Casamento Real”. Então, segue a minha contribuição.
"A supostamente plebeia Kate Middleton e o príncipe William escolheram a Abadia de Westminster - também conhecida como Igreja da Coroação - para o midiático casório real, nesta sexta, dia 29. Foi lá também que ocorreu a coroação da rainha Elizabeth II, em 1953. Entre os convidados, há 58 anos, estava o brasileiro Assis Chateaubriand.
Para os mais jovens que me lêem, esclareço que o advogado Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo (Campina Grande/PB, 4 de outubro de 1892 - São Paulo, 4 de abril de 1968) foi um dos homens públicos mais influentes do Brasil nas décadas de 1940 a 1960, como jornalista, empresário, político, professor de Direito, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.
Foi também um magnata das comunicações, dono dos Diários Associados, na época o maior conglomerado de mídia da America Latina, com mais de 100 jornais, emissoras de rádio e tevê.
No livro “Chatô, o rei do Brasil”, o escritor Fernando Morais conta que Chateaubriand foi alertado por seu médico para não ir à coroação: a cerimônia duraria cinco horas e por causa de uma infecção na próstata, ele era obrigado a urinar a cada meia hora. E o protocolo era inflexível: durante os atos era proibido afastar-se das respectivas cadeiras.
Mas Chateaubriand viajou do Rio para Londres, assim mesmo. No hotel, vestiu um grosso sobretudo sobre a casaca, e com uma gilete abriu dois talhos nos forros dos bolsos, onde colocou duas garrafas vazias de Coca-Cola, obtidas no bar do hotel.
Às oito da manhã, conforme mandava o protocolo, ele dirigiu-se à Abadia de Westminster. Já com os chefes de delegações instalados em seus lugares, finalmente Elizabeth II apareceu na porta principal.
Sob os olhares de presidentes, primeiros-ministros, príncipes, reis e rainhas que se puseram de pé, Elizabeth II atravessou lentíssimamente a extensão que separava a porta principal do trono instalado no fundo da abadia. A cinco metros de distância, Chateaubriand enfiou as mãos nos bolsos do sobretudo, desabotoou a braguilha, tirou o pênis para fora e urinou aliviado, tomando o cuidado de não errar a pontaria ao mirar no minúsculo gargalo da garrafa vazia de Coca-Cola.
Só às onze e meia da manhã (nessa hora toda a primeira garrafa tinha sido completamente abastecida) é que Geoffrey Francis Fischer, primaz da Inglaterra e arcebispo de Canterbury iniciou o ritual. Segurou no ar, sobre a cabeça da futura rainha, a coroa de Santo Eduardo e indagou:
- Eu vos apresento a vossa incontestável rainha Elizabeth II. Por isso pergunto se estais dispostos a render-lhe homenagem e prestar-lhe vossos serviços?
Chateaubriand aproveitou o som dos clarins que enchiam a abadia para repetir pela décima vez a operação: abriu a braguilha, tirou de novo o pênis para fora, cuidadosamente, e inaugurou a segunda garrafa, despejando nela um reconfortante jato de urina.
Os representantes de todas as colônias e protetorados ali presentes responderam em coro à pergunta do arcebispo:
- Deus salve a rainha Elizabeth!
A liturgia durou as exatas cinco horas previstas no protocolo. Quando a cerimônia terminou, Chateaubriand esgueirou-se por entre a multidão, foi a um dos banheiros da abadia e depositou no chão as duas salvadoras garrafas.
Além disso, Chateaubriand saiu da Abadia levando como souvenir a cadeira em que assistira a coroação, revestida de veludo. No espaldar estavam as iniciais “E. R. II” (de Elizabeth Regina II). "
Fonte: “Chatô, o rei do Brasil”, livro de Fernando Morais (Editora Companhia da Letras, 1994).
(Livro já entrou pra minha listinha.)
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