"Frio.
Escuro. Abro os olhos até sentir ardência. Não vejo nada.
Nenhum fiapo de luz, tão
pouco vulto que denuncie objetos no lugar, pessoa ou saída.
Dou um passo e
sinto os joelhos dobrar como se fosse cair num precipício, não há diferença. Coração na boca e arrepios.
Mais
alguns passos e chego numa parede. Apalpo a superfície fria e não descubro
porta ou janela.
Desespero.
Tento
voltar ao ponto em que acordei. Que tamanho é a sala? Imensidão ou estou
ficando louca?
Quero
gritar, tenho medo.
Giro
e me posiciono para outro lado. Escutei uma respiração, não pode ser a minha.
Alguém
respirando fundo, calmo.
E
tudo acontece muito mais rápido que poderia pensar ou me movimentar, quanto
tempo duraria uma briga, uma tentativa de defesa na escuridão de nanquim?
Sinto
a respiração mais perto, braço imobilizando meu pescoço e a dor fria.
Com
certeza, uma faca ou qualquer lâmina que acaba de se encaixar embaixo das
minhas costelas.
Não
há bravura nem final feliz. Apenas me entrego ao sono da morte, ao posso que
sou embalada pelas palavras do meu algoz, canção de ninar ao pé do ouvido:
-
Bom-dia, somente mais um dia como outro qualquer."
*Título da postagem cedido pelo Thomas Hobbes.
Te devo uma cerveja, meu velho.
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