quarta-feira, 18 de março de 2009

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Marieva passou pela porta 3 vezes, contava os passos até a mesa do café, do almoxerifado até a sala para a árvore sem nome. Do banheiro até a volta para a sala.
Era uma questão de números. Contar e dar nova chance ou deixar o tempo passar.
Mas, refazer 3 vezes o óbvio já não passava sua agonia.

Já tinha decidido, foi ano passado? 3 anos atrás? Ou foi antes do aniversário de 3 anos da pequena Olivia?

Às vezes duvidava que o que contava acontecia mesmo.
Lembrou do comentário no salão de beleza. Não ia com frequencia e talvez diminuísse depois da última vez. Uma jovem senhora contou como descobriu q seu marido tinha uma amante. Fazia 3 anos.
Ela reclamava q ele estava distante, por sua vez, ele fazia o diagnóstico. Ela estava louca.
E ela acreditou. Foi no médico, tomou remédios para a depressão, aumentou as doses, tomou outros remédios para conseguir dormir, outros para conseguir acordar.
Até que pegou o sacana com a mão na massa. Ele não teve mais como negar. 3 anos com outra.
Marieva até hoje imagina o que ela viu.
A senhora não contou e Marieva ficou com vergonha de perguntar e mostrar que não estava lendo uma revista e sim olhando pelo espelho.
Sua agonia, sua juventude apagada e a tinta amarela demais no cabelo.
Ela não estava louca. Maldito...
Voltou a imaginar...sempre cenas diferentes...
Sentia tesão em descobrir dois corpos ofegantes na cama, alívio por não ser louca e mais tesão. Dois corpos, duas manchas vermelhas no lençol.

Voltou do devaneio. Sentiu pena dela.
Estava rindo, contando como estava tentando dar a volta por cima.
Voltou do devaneio.
“Talvez eu não seja louca também.
Na verdade foram 3 vezes que passei pela porta da cozinha.”




Parou de repetir os passos.
"Maldito... enlouqueceu ela."

Voltou para o relatório.
“De hoje não passa.
De hoje não passa.”

Não sentia mais medo nem receio da loucura.

"Cada um paga por seus prazeres e por seus desprazeres."
Foi num bar que tinha dito isto...não conseguia lembrar o que estava tomando.

Alguém estava chamando pelo telefone, ramal interno.
Se tivesse sorte no Poker, apostava todas as fichas nisto.
Ramal 301.

Só podia ser.
“De hoje não passa.
De hoje não passa.”

Abriu meio sorriso antes de atender e suspender o sim.

6 comentários:

  1. texto de sua autoria???
    realmente, mt mt mt bom!!!
    mto bom msm..

    e preciso vir mais vzs aki..
    me dxe atualizado, please

    bjs

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  2. Noussa!!! Adoro blogs com histórias. XD

    Muiito bem escrito, viu?!


    Abração!!

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  3. 3... adoro essen número! =D

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Como assim?